Uma mãe responsável
A Marta e o Carlos estão juntos há alguns anos e o nascimento dos seus gémeos não os separou, embora a comunicação entre os dois se tenha tornado complicada e as crianças deem trabalho.
Agora os gémeos já estão no 5º ano da escola. O Paulo está a piorar cada vez mais, enquanto a sua irmã Clara sempre foi aplicada. O pai, Carlos, não dá muita importância ao facto, porque, apesar de ele também ter tido dificuldades na escola, agora tem uma boa vida com o seu próprio negócio. A Marta, porém, está seriamente preocupada com o que está a acontecer no colégio: “Eu não percebo: se ele foi educado da mesma forma que a irmã, porque é que são tão diferentes?”
E todas as tardes, como é ela que vai buscar as crianças à escola, senta-se com o Paulo para o motivar, para ajudá-lo a fazer os trabalhos de casa, para que se sinta apoiado e não ficar atrasado em relação aos outros. No ano passado, ele passou a todas as disciplinas por pouco, mas este ano é difícil e o rapaz está cada vez mais apático e, nalguns dias, até agressivo. Isso faz o ambiente em casa difícil e o Carlos, que chega tarde a casa, vê os trabalhos de casa por fazer, a Marta saturada e as crianças descontroladas.
“Temos de mudar, de uma vez por todas!”, disse um dia a Marta. Ela tinha estado a ler sobre Parentalidade e o papel dos pais como um casal e uma equipa. “Já chega de ser eu a responsável por tudo!” E ela falou com o Carlos para que ele tentasse vir mais cedo e que fosse ele a fazer os trabalhos de casa com o Paulo. “Para ver se assim ele percebe que não pode brincar connosco, que tem de ser responsável e fazer os trabalhos, e que obviamente nós estamos aqui para o que for preciso e para que se sinta apoiado.”
Parece uma boa solução, certo?
No entanto, os chumbos na escola continuam e as brigas também, mas agora entre o Carlos e a Marta, porque ela decidiu não ralhar mais com o Paulo. E ela diz ao Carlos que “ele está a gozar contigo”, que “estas não são horas de fazer os trabalhos; se não chegares mais cedo, vais encontrá-lo desmotivado”, e também que “primeiro tem de estudar Matemática e depois faz a composição, porque não precisa de se concentrar tanto”…
Pois, parece que a situação não melhorou, mesmo depois de terem feito uma mudança. Ou será que não fizeram…?